27 de dezembro de 2009

A BAILARINA - ILUSÃO DE ÓPTICA



Olhe fixamente para a singela silhueta da bailarina acima, que parece rodopiar como um peão. Para que lado ela gira? Alguns dirão categoricamente que a bailarina gira no sentido horário e outros são capazes de apostar que não, que o giro é anti-horário e que todos estão vendo coisas. 

Não sabemos o lado que sua bailarina está girando, por isso feche os olhos e relaxe. Experimente enxergar a donzela girando no sentido contrário. Se não conseguir, vá até a cozinha, tome um suco, café, ou leve o cachorro para passear. Depois volte aqui e tente novamente.


Conseguiu? Uau!!!! Ver a bailarina rodopiar ao contrário é sempre uma grata surpresa. Experimente inverter novamente o sentido. Com um pouco mais de habilidade é possível fazê-la rodopiar para qualquer lado, no momento que achar melhor. 


Mas como é possível? Por que isso acontece?

Esta imagem apareceu pela primeira vez em uma reportagem da Australian Associated Press, que especulava sobre um suposto teste de lateralidade cerebral. De acordo com a matéria, quem vê a dançarina girar no sentido horário usaria mais o lado direito do cérebro e quem a vê rodopiar no sentido anti-horário faria mais uso do lado esquerdo do cérebro. No entanto, segundo a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, a interpretação do movimento é casual e surge de algum processo já em andamento no cérebro em determinado instante, tornando a interpretação tendenciosa para um lado ou outro.

O truque

A imagem é uma seqüência de 34 quadros que não mudam de ordem e são repetidos indefinidamente. A ilusão de movimento é criada pelo cérebro, a partir da interpolação das imagens. "Assim funcionam o cinema, os desenhos animados e aqueles filminhos que aprendemos a desenhar quando crianças na margem dos cadernos. Dessa forma, as 34 imagens da dançarina são interpretadas pelo nosso cérebro como cenas sucessivas de uma moça que gira sobre uma perna só", explica a cientista. 

O truque, segundo Houzel, é identificar sobre qual perna a bailarina rodopia. Segundo ela, as imagens do movimento são ambíguas. Metade dos quadros tanto pode representar a bailarina vista de frente ou de costas. Na outra metade das imagens, onde a dançarina aparece de lado, a perna levantada pode ser tanto a esquerda quanto a direita.


No entanto, Houzel explica que o cérebro, não gosta muito de ambigüidades, e sempre vai tentar enquadrar as representações do mundo de maneira única e coerente: se há movimento, a bailarina tem que girar para algum lado, tanto faz se esquerda ou direita e para justificar a coerência, quando o cérebro vê a dançarina girando para no sentido horário, ele também vê a perna direita levantada e quando percebe a bailarina rodopiando no sentido anti-horário, ele enxerga a perna esquerda levantada. Tudo isso para justificar de forma correta o movimento.


Houzel diz que a parte da lateralidade é besteira e que a reportagem original banaliza incorretamente a o estudo da lateralização cerebral, que de fato existe. Segundo a cientista o movimento da bailarina nada tem a ver com o uso do lado direito do cérebro emocional ou do lado esquerdo, racional. 

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